MAS PORQUE ?
Esse parece ser um grande dilema para os que tem transtornos. O conselho é correto, porém, sem grandes explicações, o que acaba tornando o conselho (na prática) bastante inviável. Somos o prazer que alimentamos, porque nossa libido corre pro lado (como numa balança) onde nosso humor tiver mais inclinado. Quando alguém sugere que faça coisas que gosta, em geral não sabem porque estão dizendo isso ou porque talvez os que conseguiram seu equilíbrio e mesmo assim, sem saber porque.
A estratégia está em nivelar este desequilíbrio (até porque, libido demais prejudica, nos deixa pretensiosos rsr). Nem é preciso grande esforço, talvez se dermos valor à coisas que acabamos deixando pra trás por causa do transtorno, não criamos hábitos mais saudáveis. No momento que algo faça você sorrir, a balança começa à se mexer e à medida que sua alegria passa à ser uma constância, a libido começa à trocar de lado, de forma que raras serão as vezes em que ficaremos triste.
Fácil ? evidente que não. Se fosse, nem depressão teríamos, não é verdade ? rsr O grande segredo não é a conquista, mas a busca, pois enquanto se busca, se vive, se descobre coisas, nos alimentamos com novos conhecimentos (que pode até fazer nossa vida melhorar). Se penso, logo existo, o que não acontecerá quando nos movemos ?! Quem tem transtorno está dando tiro no pé em abandonar sonhos, projetos e prazeres, pois é a ausência deles que está fazendo a vida de vocês um inferno e não o transtorno apenas.
Imprima essa balança (acima), ponha a foto dela em local acessível pra que você veja e se lembre sempre que, se está "pra baixo", é porque está botando mais "peso" do que ela já tem, isto é, além da tristeza habitual, decorrente do transtorno, ainda fica só pensando nela como se fosse o ar que você respira. O que já temos em excesso não carece ser lembrado o tempo todo, concordam ?
Algumas dicas podem ajudar:
Não fiquem ociosos, sem nada pra fazer. Cabeça vazia oficina da tristeza. Ao invés de ficarem tentando fugir deste "inquilino indesejável" (que não dá pra despejar), melhor que busque uma melhor forma de convivência, conhecendo-o melhor, saber com quem convive. Um hóspede doente que requer cuidados e você vai ter que cuidar, quer queira ou não. Só que pra isso, vai ter que vencer sua primeira resistência, logo de cara. Terás que ficar bem, ou seja, não pensar na tristeza, pra que possas cuidar do seu hóspede. Dois doentes ? quem cuida de quem ? Entendeu ? Sobrou pra vocês.
Segundo, comece a anotar e descobrir tudo que envolve as medicações que toma. Para que especificamente está tomando, se está correspondendo, por quanto tempo, quando começa, quando termina o efeito, quanto tempo dura, que período do dia, se neste período está te ajudando em alguma coisa ou vai contra ao que você esperava ou desejava. Comece a programar sua vida e à do seu "inquilino" em torno dos medicamentos. Estude brechas e períodos que possa tirar proveito, programe tomar certos remédios para ter efeito quando você precisa, seja para estudar, descansar, poder dormir tranqüilo, etc.
Não dá pra ficar sendo marionete de remédios, tomando pra ver no que vai dar. Saiba para quê, você precisa de remédio, por quanto tempo e se dá pra ficar sem quando não tiver necessidade ou (se for o caso) pode tomar um que não seja tão forte.
Terceiro, terapias alternativas (como Yoga, Taichi e outros) podem ajudar, que visam melhorar o auto controle para elevar o nível de paciência e tolerância, pois estes são os vilões que, se caírem demais, acabam nos levando à tomar atitudes impulsivas, involuntárias e inconscientes, daquelas que passamos a vida inteira tentando descobrir o porque de termos feito tamanha besteira.
Se ficarmos só pensando em tristeza, nossa mente terá de nos socorrer (pois é este o seu ofício, isto é, manter nosso bem estar e equilíbrio psíquico). O problema é que ela terá de fazer isso, apenas contando com o que tiver à mão, porque este lado que conhecemos por impulsos, agirá proporcional ao tempo de nossa pressa (que é sempre pouco ou nada).
Pois bem, o que nossa mente pode ter à mão num momento de desespero ? pode ser álcool, uma dose de whisk, de Vodka (pros dependentes, um prato cheio); pode ser cocaína, uma pedrinha inocente de Crack, um cigarro de maconha pra "relaxar", um porrete pra dar na cabeça de quem não torce pro seu time ou que reclamou de você no trânsito. Pode ser nosso porte físico, nossa arte marcial, nossa arma ou a faca da cozinha mesmo, pra demonstrar que não aceitamos fim de um relacionamento ou casamento ou a cor de pele, etc. Enfim, não existe limites, porque este lado impulsivo tem o discernimento de uma criança pequena, que não mede conseqüência, não pressente perigo e age livremente, sem regras, ética, moral, nada.
Fazer algo, apenas por fazer, não será nem suficiente nem duradouro, porque não envolve a libido (porque não houve prazer no que fez). Somos o prazer que alimentamos e não faz diferença pra que lado, porque a libido (feito uma bolinha de gude) vai rolar pra onde a balança tiver tendendo. Por isso não estou pedindo à vocês, pra recriar o que já existe em vocês, como sorriso, alegrias (que está apenas preso dentro de vocês, intalado pela "obesidade" da tristeza). Já devem ter aproveitado bastante o feriado de finados pra pensar na tristeza. Normal. Agora vamos equilibrar essa balança com o natal e ano novo. Não esquecer que extravagância é coisa dos impulsos e a lembrança da ressaca não costuma ser generosa.
Vocês estão começando à tomar conhecimento do porque é aconselhado se fazer o que gosta, sabem porque tem que trabalhar isso e sabe agora, tanto dos benefícios quanto das conseqüências, de não fazer. O mundo nos obriga à não parar, não importa o tamanho do fardo que carregamos. Dá orgulho saber que temos capacidades que muitos que julgam vocês, não teriam (nem se quer consegue imaginar), quanto mais... suportar. Nisso, vocês são superiores e muito mais fortes. Nós que sofremos, temos o velho e errado hábito de olhar apenas a longa trilha no horizonte, que ainda falta percorrer. Nem se quer olhamos pra trás pra ver que, o que já percorreu, foi muito aquém do que já imaginou. Dos que julgam vocês, quantos deles acompanharam seus passos ? Está vendo algum deles no teu retrovisor ? nem vai ver.
Levei muito, muitos anos para descobri tudo isso, que ora compartilho com vocês, arrastando também "meus entulhos" no lombo (não pensem que não), do contrário, jamais conseguiria quantificar o peso das palavras luta, dor, sofrimento, batalha e vitória. Todos os dias vocês vencem um adversário invisível, porra ! (desculpe a expressão). Quem tem as mesmas aptidões, força e capacidade ? E tão se achando nada ? Hoje eu consegui descobrir a identidade do meu adversário invisível, sei porque e por quem sofri minha vida inteira e continuo sofrendo. Mas o sofrimento de hoje é de orgulho, por estar de pé.
Lembrem-se:
Sempre se teme, aquilo que não se entende, então parem de sofrer por temer o que não conhece e comecem à conhecê-lo (seu inquilino). Quando conhecê-lo melhor, saberão controlá-los.
ProfAmadeu Epifânio
Pesquisador - Idealizador
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