História de um portador (parte 2)
Esquizofrenia

História de um portador (parte 2)



Vida depois do diagnóstico

A vida de José Alberto depois do diagnóstico mudou drasticamente, nos anos de 2000 e 2001, ele passou por um período de grande depressão, passou a maior parte deste tempo dentro de casa, se sentindo debilitado para exercer qualquer tipo de tarefa. As poucas vezes que saiu de casa foram para as sessões de terapia e para a terapia ocupacional; os desconfortos nas atividades sociais eram visíveis, tarefas simples como sair com os amigos e familiares traziam imenso mal estar.

O gosto pela vida havia passado, ele se isolava cada vez mais do mundo afora; neste período José Alberto seguia o tratamento com antidepressivo e lítio, seu caso ainda era tratado como bipolaridade.

Um surto de esquizóide, levou ele a ser internado mais uma vez em maio de 2001, nesta internação seu caso passou a ser tratado definitivamente como esquizoafetividade e não mais como transtorno bipolar. Depois desta internação ele passou a dar seus primeiros passos fora de casa, passou a freqüentar um centro espírita kardecista, porém as dificuldades em ligar com a vida social ainda persistiam.

Foi em uma palestra na Biblioteca Mário de Andrade, que José Alberto conheceu o S.O.eSq. (Serviço de Orientação Esquizofrenia) e a ABRE (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia) em 2003. Ele passou a frequentar as reuniões do grupo de Estratégia Comunicação e Informação da Instituição, onde passou a ter mais contato com portadores do mesmo transtorno.

A vida definitivamente tinha mudado para José Alberto. De 2004 a 2005 ele tentou passar no vestibular da Fuvest, ainda em 2005 ele iniciou um estágio no CDH (Centro de Direitos Humanos), ligado a ABRE. Neste estágio, ele ajudou na elaboração de um material didático sobre Saúde Mental e Direitos Humanos.

No ano de 2006, ele passou a fazer parte da ABRE como diretor adjunto, cargo que ocupa até hoje. Desde então sua vida tomou outro rumo, as atividades da ABRE não ocupam muito tempo do seu dia, seu trabalho pode ser feito em casa. "Devo dizer que a esquizofrenia, de certa forma, abriu novas portas e oportunidades para mim, especialmente por poder conhecer amigos de verdade, com os quais convivo hoje. Ao menor sinal de esmorecimento, eles me oferecem colo e me incentivam a seguir em frente com meus projetos".

Com do diagnostico definido e o inicio do tratamento adequado, os sintomas diminuíram, ele não tem mais alucinações ou delírios de grandeza e perseguição; porém sinais de depressão e embotamento afetivo ainda persistem, para ajudar a combater esses sintomas ele ainda faz acompanhamento de psicoterapia individual e familiar.

Mesmo com tantos obstáculos a serem enfrentados, José Alberto não desanima, e sabe que ainda existe muito a ser feito. “Ainda não me sinto plenamente realizado, pois tenho muito a aprender e a superar, mas tenho vivido um dia de cada vez, com calma e lucidez, tomando o cuidado para não tropeçar novamente. A notícia boa é que não passo por crises há mais de oito anos, e espero que isso continue assim. Tenho uma qualidade de vida muito boa. Com o tratamento psicoterápico vou conseguir superar os obstáculos e eventuais problemas existenciais inerentes a qualquer ser humano, portador ou não de esquizofrenia”.

Por: Luciene Ramos



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