Esquizofrenia
ENTENDENDO O USUÁRIO DE DROGAS VI
Uma Luz no Fim do Túnel.
É sempre um calvário interminável o eterno tratamento da recuperação de um dependente químico, vivendo sempre no limite entre a ansiedade e a recaída. Passa ano, entra ano e mais parece que o tempo não passa e que tudo ainda parece estar presente, como ontem, além da eterna vigilância angustiante, vigiando passos e pensamentos.
Pode-se dizer que o dependente vive os dois lados da história das vacas magras, ou seja, o lado da fartura, ao nutrir-se do prazer oferecido pelas drogas e o lado penoso da fome, ao abster-se de forma dolorosa, do seu sustento químico e psicológico, num calvário sem data certa para terminar.
Não é a angústia da abstinência que dificulta a volta à sua vida normal e sim um novo ciclo, pós-dependência, de característica involuntária e intermitente. Lembranças do passado, quando criança, fê-lo adquirir feridas emocionais, transportando-as pelo tempo e em silêncio, até chegar à adolescência e eclodir.
Lembranças e conflitos que supostamente o levaram para as drogas, agora, remanescente do vício, voltam à cobrar solução de forma inconsciente, persistente e involuntária; enquanto ele, sem entender direito o que se passa, faz aumentar sua dor, angústia e ansiedade, obrigando sua mente à lhe oferecer algo para conter seu desconforto. Como a droga, durante anos, foi opção única de “remédio” e “consolo”, vai demorar um pouco até que a mente aceite novas opções, às quais não se deve nunca, abster-se de ter.
Como as lembranças tem caráter inconsciente, voluntariamente torna-se difícil, quase impossível lutar contra elas e ainda ter que aguentar a mente como um puxa saco da droga, à oferece-la o tempo todo. Solução parece estar na PSICANÁLISE, para reduzir consideravelmente, a pressão constante e ininterrupta que exercia sobre o dependente.
Veja, Psicanálise não trata dependente químico em recuperação, ela apenas vai fazer o seu trabalho como numa pessoal normal, de eliminar as fantasias que tanto incomoda e interfere em tudo que fazemos e falamos. Por outro lado temos a droga (remédio usado para atenuar essas fantasias) que foi sempre oferecida pela mente como opção única de prazer, também durante a recuperação.
Enquanto o dependente carregar consigo, fantasias e conflitos que o levou às drogas, esta manterá o seu emprego. Depois da psicanálise, quando não houver mais, traumas emocionais significativos (que obrigue a mente a continuar oferecendo a droga), gradativamente essa pressão de oferta tenderá à diminuir progressivamente.
Resolvido os problemas emocionais que “alugava” o dependente para exercer outras atividades, ele terá agora mais oportunidade e tranquilidade para fazê-lo. Busque novos focos e persiga-os, não de forma forçada, mas com prazer e satisfação. Os familiares também devem parar de encará-lo(a) como pessoa problema e sim como alguém que tem um problema contraído ou precisarão também, passar por psicanálise.
Fica aqui a sugestão para os nossos governantes (bem como de cada país), a iniciativa de implantar tratamentos de psicanálise para ajudar pós-dependentes químicos.
Amadeu Epifânio
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