DESMISTIFICANDO TRANSTORNOS II
Esquizofrenia

DESMISTIFICANDO TRANSTORNOS II


TRANSTORNO BIPOLAR NA ADOLESCÊNCIA.
PORQUÊ TÃO CEDO ?


O que acontece é uma linguagem, uma comunicação entre os dois lados, consciente e inconsciente.  Quando um evento (não necessariamente traumático, basta não compreender pra assustar) acontece com uma criança de primeiros meses e, se a mente perceber que este susto pode interferir no desempenho cognitivo do pequeno corpo que o abriga, a mente pode bloquear esta lembrança como proteção, (e agora vem a questão dos sintomas na adolescência) e esperar que esta criança cresça ou atinja uma maturidade (juvenil) que a mente considere ser suficiente, para ser lembrado, entendido e sanado.

O problema é que essa lembrança dá-se de forma inconsciente, fazendo o jovem, em sua puberdade ou pré-adolescência, viver lembrando (não do evento em si, ocorrido), mas da emoção sentida em decorrência do evento (medo ou pânico na maioria dos casos). Segundo Freud, no inconsciente o tempo não existe, o que significa que uma pessoa hoje, com transtorno, sente as mesmas emoções ou sensações, sentidas lá atrás, como se tivesse ocorrido ontem.

Pode acontecer de, como não houve resultado positivo na tentativa da mente em fazer lembrar o evento na fase juvenil, o inconsciente acabe desistindo de lembrá-lo agora e voltando à fazê-lo mais tarde, na própria adolescência (que nos dias de hoje varia muito por causa do desenvolvimento cognitivo dos jovens, mas que pode variar entre 13 e 17 anos mais ou menos).  Nosso inconsciente acredita que seu corpo só se desenvolverá bem se, este episódio for lembrado e resolvido).

 Duas coisas precisam ser relevadas, quando o assunto é transtorno bipolar:

1) O transtorno se firma mais na fase mania ou eufórica, porque ?

Nesta fase o portador está sob influência quase que 100% do seu inconsciente, cujo qual tem um discernimento equivalente ao de uma criança pequena, que assim como na maioria delas, não pressente perigo, não mede conseqüência e age sem controle (sendo esta a razão das crises serem de natureza involuntária e de difícil (ou quase impossível) contrôle.   Quando entra na fase depressiva (por conseqüência, não por comorbidade), o portador volta à ter plena consciência, ao mesmo tempo que uma profunda sensação de impotência diante do que não entende e não consegue controlar, toma conta. Resumindo: resolvendo ou controlando a fase de euforia, conseqüentemente não haverá a fase depressiva (efeito dominó).

2º) O desencadeamento das crises pode se dar por dois fatores (juntos ou separados).

a) baixa tolerância, acarretando transferência de comando da vontade, do consciente para o inconsciente.

b) Disparo através de uma motivação ambiental qualquer. Como ? Vejam, quando o evento gerador ocorre na fase tenra (pode ou não desencadear um transtorno, vai depender de alguns fatores), no ambiente em que ocorreu este evento, existia um "cenário", como assim ?    Se ocorreu no quarto da criança ou dos pais, havia cortina, guarda roupa, cor ou desenhos na parede, brinquedos, pessoas (seu timbre de vóz, as roupas que usavam, etc); podia estar ouvindo uma música, uma TV, uma pessoa da família que se pôs à cantar, enfim, um cenário.

Porque cheguei na conclusão da existência deste cenário ? por causa de um fato que acontece com quase todo mundo. Ao andarmos pela rua, costumamos ver ou ouvir alguma coisa que imediatamente nos transporta ao passado, nos fazendo lembrar de uma ocorrência conosco, como um filme que vimos ou um diálogo ou uma festa, enfim.

Nos transtornos acontece o mesmo, só que o que nos faz lembrar é o evento (que não lembramos) e também os ítens constantes do cenário).  Apesar de não lembrar de nada disso, sabemos que gerou em nós, uma sensação desagradável, desconfortável ou dolorosa e tudo vem à tona novamente, misturando sensação do passado com os eventos presente. O resultado são as crises que não conseguimos nem presenciar, mas que nem por isso o portador tem qualquer culpa ou intenção de tudo que faz (ou diz) enquanto transcorre. Por isso não carece qualquer forma de julgamento, nem precipitado, discriminatório, nem preconceituoso.

Uso de medicação, sem dúvida é oportuno, mas o paciente precisa ajudar, passando o máximo de informações sobre o que passa, de forma precisa, para que o psiquiatra possa acertar logo a medicação e dosagem adequada. Além disso TCC e terapias alternativas também ajudam (Yoga, Taichi), porque ? porque ajudam no auto controle, inibindo a influência do inconsciente e da perturbação da insistência em querer fazer lembrar o evento.

Desde 1998 iniciei um trabalho de pesquisa sobre o processo de tomada decisão do ser humano, para entender e responder à uma série de questionamentos, como experiência de drogas, crises de transtornos psiquiátricos, desvios de conduta adolescente, agressividade infantil, ideações suicidas, psicopatia e condutas, hábitos compulsivos, etc.


De acordo com uma matéria da revista "Segredos da Mente", apenas 10% (dez por cento) de nossas ações são conscientes.  Isto implica dizer que pra muitas coisas somos meros marionetes do nosso inconsciente.  Apesar de apenas 10%, este percentual (de consciência) pode ser demasiadamente expressivo se utilizado de forma favoravelmente correta, como ?  Este percentual é a "janela" que dispomos para a aquisição de conhecimentos úteis e constantes que, ao fazer parte do nosso acervo, se converterão nas respostas positivas e oportunas que tanto ansiamos, em nossas demandas emocionais, mas que pela ausência ou insuficiência das mesmas, nossas respostas tem sido impulsivas, quando não, negativas (de toda sorte).

Esta percepção é de extrema importância, porque dela precisamos (e dependemos) para o nosso bem, no que concerne à redução de baixa estima, neutralidade de ideações suicidas, melhor resposta aos tratamentos terapêuticos e maior motivação para continuidade de tarefas e projetos pessoais (mesmo com transtornos).  Precisamos administrar melhor a "casa" que habitamos (nosso corpo), para que dela consigamos extrair sempre o melhor e os mais prazerosos resultados. 

                  ProfAmadeu Epifânio







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