Aborto, crime ou livre-arbítrio? Parte 1
Esquizofrenia

Aborto, crime ou livre-arbítrio? Parte 1


Isso aconteceu numa sexta-feira tempestuosa durante um tempo que trabalhei na Cinelandia, no Centro do Rio. Após a saida do trabalho às 21, e a recusa rara de ir para Lapa, sempre percorro a Santa Luzia entrecortando algumas ruas para evitar os assaltos, muito comuns, nas ruas México e Graça Aranha após certas horas da noite. Nessa noite, resolvi só Deus sabe porque, fazer um caminho diferente, seguindo a Santa Luzia até a Av. Pres Antonio Carlos, quando passei por um ponto de onibus e me assustei por reencontrar com uma amiga da faculdade que não via há mais de 1 ano. O papo foi curto e direto, ela precisava de ajuda, estava desesperada e agradeceu a Deus por me encontrar. O caso foi descrito de uma vez só: ela teve um caso com um professor nosso, brigaram, deu uma confusão, ela mudou de unidade, o Prof. foi atrás dela, marcaram para se encontrar, foram para casa dele, deram uma trepada de reconciliação, sem camisinha, ele gozou dentro e ela suspeitava estar gravida. Não poderia ouvir nada melhor numa sexta-feira à noite.

Entre os choros e soluços, ficamos um tempo conversando, tentanto colocar as idéias no lugar. Ela me informou que isso tinha quase um mes, e que ouviu falar que alguns tipos de chás eram proibidos para gestantes pois eram abortivos, e queria minha ajuda para ir até o morro do Dendê, pois um dos chás que ela "conhecia" era chá de Maconha. Fiquei extremamente preocupado e meio desnorteado com essa afirmação. Primeiro que sou contra o aborto, segundo que algumas questões e opiniões que conhecia sobre o assunto eram hipotéticas demais, fácil vc ter uma opinião sobre o caso (ou sobre o referendo que teve em Portugal sobre a Legalização do Aborto) menos fácil é vc VIVENCIAR a situação, mesmo que o filho não seja meu, terceiro que a ultima coisa que eu faria era subir morro para comprar "preto de 10" à noite, quarto que eu não acreditei que ela estudava Jornalismo para acreditar num conto da carochinha como esse e quinto...a situaçao era realmente desesperadora. E qualquer coisa para resolver o problema, evitar e contornar toda a situação, era válida. Não foi um bom fim de semana. Não, eu não fazia idéia onde o professor tinha se enfiado, ela por si só não conseguia encontrá-lo pelos meios naturais (telefone, e-mail) e fazer um escandalo em plena sala de aula gritando aos berros que ela estava gravida, como ela desejaria fazer, não seria boa idéia...Estava muito preocupado com ela.

Conversamos durante muito tempo sobre as opções, já que tem que haver essa conversa, sobre a decisão de ter ou não o filho, e como o fatídico pai não esta presente para ajudar nessa decisão, ela tomaria sozinha. Posso ajudá-la de todas as formas que pudesse, deixaria clara minha opinião, mas a decisão era dela. Abortaria, sem que os pais tb soubessem disso. Em momento algum abordei as condições morais ou religiosas. Nem sequer pensei naquilo, mesmo com minhas convicções. Contra aquilo que acredito, procurei em livros, sites e lojas de produtos naturais determinados tipos de ervas para os mais diversos problemas de saúde, mas que eram PROIBIDAS para gestantes, pois poderiam causar uma série de complicações. Pode parecer cinismo da minha parte, mas separei algumas ervas com efeitos colaterais NÃO-LETAIS e encaminhei para ela. Ela não esperou meu segundo contato, foi na Alfandega e comprou em lojas de especiarias, como a Casa Pedro, e fez os chás. Só que eu não sei até quando isso faria algum efeito. Eu mantinha contato por telefone e e-mail, quando ela me confessou que os chás que ela tomou SÓ causou diarréia, vomitos e febre, levando a crer (e descobrindo tempos depois) que o tempo plausível para o chá fazer efeito era de até 15 dias do ato. Nesse meio tempo o professor apareceu e concordaram em abortar. Perfeito. Aonde? Clinicas de Aborto não tem nas Paginas Amarelas. Sempre existe um A.D.A (Amigos dos Amigos) que tem uma conhecida da cunhada da prima de um ex-namorado que tem o endereço de uma clinica de aborto. Pois é, ninguém tinha um ADA para isso. Ele pagaria uns 700 reais pelo aborto, que eu duvido ser apenas isso. Tentei um contato com a amiga duma amiga (pois é, A.D.A) que estava se formando em Medicina. Como fui ingenuo. A médica acaba de colocar a mão numa biblia para fazer um juramento na faculdade de defender e trabalhar em Prol da Vida, e nem começou a atuar já vai me fornecer o endereço duma clinica de aborto? Varios contatos e promessas depois, desisti, óbviamente. Minha amiga me ligou dando noticias: seus pais já sabiam. Vieram de outra cidade do Estado do Rio (ela não nasceu aqui) para ficar com ela. Se apoiaram o aborto, é outra conversa. E ela havia conseguido uma clinica de aborto (que bom que sempre aparece um A.D.A quando a gente precisa), e precisava de R$ 125,00 para completar o aborto (Q custava R$ 1200,00). Diante da minha negativa, não tinha dinheiro, e não posso afirmar se inconscientemente apoiaria isso, ouvi uma bronca! Me julgando "Q espécie de amigo vc é?" O professor com 25 anos de carreira, 12 na nossa faculdade não queria conviver com esse "problema". Ela, quase formada, estágio em uma grande Editora, não queria comprometer a carreira. Eu, que agi desde o primeiro momento para ajudá-la, resolvi ajudar de outra forma também. E vomitei tudo que estava engasgado, sem a menor nessecidade se não tivesse ouvido isso, culminando pela responsabilidade de fazer um filho com TODOS os tipos e meios de prevenção de gravidez que eu e ela conhecíamos, principalmente por termos ESTUDADO sobre o assunto. Ela nunca mais me ligou nem retornou minhas ligações.

Se tivesse discordado desde o principio, talvez sua consciencia seria a unica coisa que mais pesaria pelo que aconteceu. Alguém concorda? Se uma amiga muito próxima engravidasse e desejasse abortar, o q vc faria?

Continua...



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