COMPLEXO. MAS REVERSÍVEL.
O texto à seguir faz referência à depressão como transtorno ímpar/individual, não como comorbidade de um outro transtorno, pois que abordagem fármaco e terapêutica são distintas para cada uma delas.
A depressão, antes de ser um distúrbio do sistema nervoso, ele é consequência de um conflito psicoemocional e inconsciente interno, que começou de forma consciente, mas que se estendeu depois de maneira inconsciente e involuntária. Eu vou explicar. Eu cheguei à conclusão que a depressão pode ser o único à ter sua origem e procedência não necessariamente apenas na fase infantil (como a grande maioria dos transtornos).
Tal conflito pode se dar em qualquer momento da vida do paciente, desde que com um tempo mínimo de carência entre 5 a 7 anos, antecedentes aos sintomas característicos e correspondentes, para que o sistema nervoso central comece a sofrer a influência deste conflito (antes, psicológico) e passar pelas alterações recorrentes, com suas respectivas manifestações conscientes, embora involuntárias.
O conflito gerador da depressão pode se traduzir em alguma forma de desejo que um dia idealizamos, mais ou menos ardente à medida da idade em que foi idealizado, sendo de maior ímpeto na idade infantil. Pois bem, este desejo pode se refletir em várias coisas de demanda oportunamente conveniente para nós num dado momento, com projeção para um futuro relativamente de curto à médio prazo (não mais do que isso).
Ao estabelecermos um "projeto" que muito desejamos, criamos dentro de nós uma expectativa positiva, convertido em prazer, pela certeza incondicional de realização (desde que se consuma no prazo estimado). Pois bem, à medida que esse prazo começa se estender sem a realização do desejo, alterações psicoemocionais e neurofisiológicos começam a acontecer inconscientemente, pois consciente, já nos basta a enorme frustração.
Este sentimento de prazer, a mente guardou, para ser utilizado em nosso favor, como subsídio para aplacar por exemplo, uma tristeza futura. Pode acontecer que voluntariamente venhamos à desprezar a importância daquele projeto em razão da demora e por surgir outras prioridades, porém, a mente não só não esquece como luta para mentê-lo e passa à assumir a gerência daquele prazer criado, reacendendo e mantendo viva a esperança de vir à ver consumado o projeto, para assim conseguir manter vivo a sensação de prazer, fazendo isso inclusive, sem o nosso consentimento consciente, consumando assim o conflito citado acima.
É um processo complexo, sem dúvida, mas responsável por todos os sintomas decorrentes e extremamente desagradáveis que uma pessoa venha à passar por causa dele. Existem outros fatores psicossomáticos que vem se unir à nesse complexo conflituoso, que podem vir a contribuir para o seu agravamento e que varia de pessoa à pessoa, que são características familiares, de personalidade, histórico de vida, fatores ambientais, outras enfermidades patológicas, etc.
A opção por um tratamento terapêutico psicológico parece ser opção adequada para levar-nos à um passado (talvez não tão remoto) até o momento em que o conflito foi gerado, trabalhá-lo e pôr fim a sua influência perturbadora. Tratamento fármaco (desde que correta e adequadamente prescrito, à realidade do paciente e não apenas à sua patologia padrão) também é necessário para ajudar à conter os efeitos depressivos, tanto para promover um melhor bem estar, quanto para melhor corresponder ao tratamento terapêutico. É dever lembrá-los que em toda terapia deve haver progressos constantes, tal como uma obra que façamos em nossa casa, pois não dá pra viver nem morar, dividindo espaço em meio à escombros e entulhos. Concordam ?
Não se consumam por estarem nesta condição, pois que ela nada mais é do que uma influência psicológica (perturbadora), que por desconhecimento, acabamos dar mais relevância do que realmente ela tem.
“Não procures saber o que excede a tua capacidade,
E não especules o que ultrapassa as tuas forças,/
Mas pensa sempre no que Deus te mandou,/
E nas muitas obras suas, não sejas tão curioso.”
(Eclesiástico 3, 22)
Amadeu Epifânio
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